Do roteirista britânico, Denis Kelly (de Pulling), essa série inglesa muito doida, ácida e instigante doCanal 4 reúne ficção, paranoia, conspiração. Esse “um pouco de tudo” se tornou uma nova febre cult.
Com um estilo muito ímpar, Utopia narra a saga de um grupo de nerds contra o Sistema.
Tudo gira em torno de uma HQ raríssima e bastante cultuada no submundo da internet chamada Utopia, cujo autor enlouqueceu e se matou. Post, teorias, fóruns inteiros dedicados a estudar e esmiuçar a trama psicodélica desenhada pelo Dr. Philip Carvel durante seu período de reclusão em uma clínica psiquiátrica e que, coincidentemente (ou não) revela fatos importantes da história mundial bem antes de eles acontecerem. Corre a lenda de que existe um segundo volume manuscrito que traria ainda mais revelações. Ou seja, basicamente um gibi que previu o futuro.
E um futuro alarmante!
Com um recurso bastante interessante para inserir o telespectador no cenário distópico, a série apresenta flashes jornalísticos que mostram fome, doenças e miséria ao redor do mundo.
E é neste cenário, em que a humanidade não para de crescer, que uma sociedade secreta infiltrada nos principais governos mundiais decide mudar radicalmente o rumo da raça humana. Misturando conspirações globais, ciência, armas biológicas e segregação racial, Utopia coloca em cena um improvável grupo de “heróis”, que julgam essa miscelânea muito parecida com os atos nazistas e pretendem salvar o mundo.
Pense em uma equipe das mais heterogêneas e inesperadas: uma moça esquisita, um analista de TI que odeia o emprego, uma criança de 12 anos que se passa por um playboy pegador na internet e um paquistanês viciado em informática e paranoico, dono de seu próprio abrigo nuclear. Contra eles uma dupla alegórica de psicopatas que andam com valises coloridas cheias de pequenos apetrechos de tortura como todo tipo de armas, alicates e gases venenosos.
Quem vê Utopia passa cena a cena repetindo mentalmente (ou não) a expressão “Que P**** é essa?!” e, mesmo assim, não se contenta até conseguir descobrir que rumos a história vai tomar.
Outros grandes atrativos são o sempre contundente humor inglês, as cenas vazias de diálogo, miolos explodindo e todo tipo de recurso perturbador.
Utopia trouxe para a realidade um dos temas da série e movimenta centenas de sites ingleses e ao redor do mundo com fóruns teorizando e comentando a trama. Inclusive um deles, hospedado nada menos do que pelo grande jornal The Guardian, que comenta episodio a episodio logo que vai ao ar.
Com apenas seis capítulos na primeira temporada exibida em 2013, o estúdio lançou os primeiros episódios da segunda temporada agora em julho deste ano e, garanto, voltou ainda mais brilhante. E já se fala em um remake americano pela HBO!
Vale a pena conferir essa série alternativa e descobrir quem é Jéssica Hyde, procurada durante boa parte dos episódios e descobrir porque ela é peça chave da mitologia da série.
Confira o trailer:
pra mim, uma das melhore séries de todos os tempos.