The Walking Dead: primeiras impressões sobre o retorno para a sexta temporada

Foram sete meses de espera entre o fim da quinta temporada e o início da nova, neste domingo, 11 de outubro. Mas, na verdade, tudo ainda estava muito fresco e intenso na cabeça da legião de fãs da série de maior sucesso da AMC. Além do amor habitual pela série, a sensação foi reforçada pela reexibição sequencial dos 67 episódios da série em uma megamaratona promovida pelo canal FOX, que exibe com exclusividade a série na TV a cabo.

Com isso, termos relacionados ao universo The Walking Dead estiveram em destaque nas redes sociais durante os últimos dois dias e meio e, após a overdose, veio o tão esperado episódio de estreia (ou season première), que usualmente só sairia no Brasil com, pelo menos 24h de diferença, mas que, por uma estratégia anti-pirataria, teve transmissão legendada simultânea.

O episódio que inaugura a temporada – que tem promessa de ser impactante – não faz feio à expressão. Apesar de não contar com os mesmos elementos angustiantes que abriram a temporada anterior (sim, o começo da quinta temporada é realmente muito melhor do que o começo da atual), o capítulo inicial serviu para reforçar que estamos falando de uma das produções mais gigantescas da televisão, digna de ser chamada de fenômeno. Mas isso, muito mais pelo aparato envolvido na realização do episódio do que pela contribuição para a narrativa dramática da trama.

Tudo neste capítulo é grande. Vemos centenas, talvez milhares de figurantes e zumbis digitais, devidamente caracterizados e coreografados para a alegria de quem estava com saudade de ver zumbis. E foram lotes e lotes deles.

Mas, vamos ao que interessa:

[su_spoiler title=”Atenção!” open=”yes” style=”fancy” icon=”chevron-circle”]Cuidado! Contém Spoilers[/su_spoiler]

O primeiro episódio é todo entrecortado por ações em duas linhas de tempo: o presente e um passado recente. Destacados pelo uso do recurso preto e branco para os fatos que aconteceram anteriormente.

Depois da farsa de Eugene, que revela que não é cientista e tão pouco conhece a cura para o vírus zumbi, a turma de Rick fica sem saber que rumo tomar, já que o objetivo era chegar à Washington para salvar o mundo e isso deixou de fazer sentido. Neste momento, acabam cruzando com Aaron, um recrutador da comunidade de Alexandria, que os leva para lá. A intensa quinta temporada termina mostrando as dificuldade de adaptação do grupo de Rick, acostumado com tanta luta e sofrimento que experimentaram desde o começo do apocalipse zumbi, ao paraíso utópico que é a comunidade pacífica e livre dos walkers. Pois bem, isso incomoda muito à Rick, que acredita que aquilo tudo está prestes a ruir, pois eles não conhecem, nem estão preparados para os perigos do mundo lá foram, que um dia, fatalmente, vão bater nos portões da cidade. Enquanto Michonne, Glenn e Maggie estão aliviados para terem um pouco de paz, Rick passa a articular com Carol e Daryl uma possível tomada da cidade, porém neste intermeio, Rick acaba se envolvendo em uma confusão colateral. Uma reunião é convocada para debater se Rick deve ou não ser expulso de lá, devido a briga do xerife com Pete, em virtude das agressões à esposa, recente interesse amoroso do líder do grupo. Rick passa a ser visto como perigoso e paranoico.

São debatidos diversos pontos de vista da questão, até que, por descuido (ou maldade) do odiado Padre Gabriel, o portão de entrada da cidade fica aberto, permitindo a entrada de alguns zumbis, o que faz Rick aproveitar a questão para chamar a atenção dos moradores para fragilidade de defesa da comunidade. Pete se altera, acaba matando Reg, um dos idealizadores de Alexandria, o que faz Rick receber o aval da líder da cidade para matar o agressor, virando completamente o jogo a seu favor.

Neste meio tempo, Morgam, o cara que ajudou Rick nos primeiros episódios da série e a quem revimos na quarta temporada reaparece na cidade e fica espantado com a violência do ex-policial.

Num corte abrupto em relação ao final da quinta temporada, vemos Rick liderando o grupo de Alexandria em uma ação engenhosa para salvar a cidade do confronto com uma horda incontável de zumbis.

Em outro corte, vemos cenas em preto e branco com o que se sucedeu na noite anterior. Tara desperta do coma, Glenn retorna da floresta muito machucado após a luta com Nícolas; Carl curte seu namorico irrelevante para a trama e o episódio segue oscilando entre os acontecimentos do presente e passado recente.

O tom mais marcante da nova temporada será a rivalidade ideológica entre Rick e Morgam, o que deve dividir o grupo. Rick, a princípio, decide observar Morgam, o mantendo sob vigilância, mas adianta que poderá pedir para que deixe a cidade. Os dois claramente estão em lados opostos, pelo menos em relação a como devem lidar com a vida e o novo mundo pós-apocalíptico – de forma prática e insensível (Rick) ou pacífica e focada (Morgan). Confesso que isso soa ligeiramente estranho, considerando que Morgan esteve bastante desequilibrado na última vez que o vimos na quarta temporada e foi exatamente Rick quem tentou colocá-lo no eixo. Ao que parece, veremos uma inversão de papéis agora.

Somos apresentados a novos personagens que, aparentemente, já habitavam Alexandria, mas estavam em uma ronda externa e, por isso, ausente por muitas semanas. Inicialmente, ainda não se mostraram relevantes neste ponto da trama.

Voltamos aos zumbis e percebemos que é realmente uma quantidade imensa, que está presa em uma espécie de pedreira, impedidos por uma série de caminhões, posicionados como uma cerca. Existe uma falha nesta cerca e alguns dos zumbis conseguem se espremer e acabam saindo do local. O barulho que eles fazem atraem outros zumbis, aumentando cada vez mais a quantidade deles. A falha de contensão coloca Alexandria em risco, já que se conseguirem passar, facilmente alcançarão a cidade. A estratégia de Rick é neutralizar a ameaça.

Utilizando som, o grupo passa a conduzir a horda que se sente atraída pelo som, porém há o risco de ele romperem os muros da cidade, uma vez que caminham de forma desordenada, contornando os limites de Alexandria e, muitas vezes, colocando peso sobre os muros. Durante todo o episódio vemos o esforço para colocar o plano em prática, o que tem bastante êxito, até que o ponto mais interessante do episódio acontece – alguém, possivelmente, de dentro da cidade, começa a tocar uma buzina bastante alta, fazendo com que os zumbis parem de seguir o trajeto planejado e se direcione aos milhares para a comunidade, fechando o episódio com chave de ouro.

Apesar de grandioso, o episódio não é exatamente empolgante, exceto pelo gancho final. É até morno, já que tudo acaba saindo mais ou menos como o planejado.

Um dos pontos que mais geraram expectativa na temporada passada foi a aparição do violento grupo chamado Os Lobos, apresentados no final da quinta temporada e que de posse dos pertences de Aaron teria condições de chegar ao paraíso, cheio de suas más intenções. Neste primeiro episódio, eles não apareceram.