No lançamento da série, escrevi um artigo sobre o piloto e, preciso reconhecer, não estava botando muita fé. O começo foi lento, as coisas demoraram a acontecer, mas, hoje com a temporada concluída, entendo que a narrativa foi importante para estabelecer a conexão com os personagens, até então, em apresentação para o expectador.
Foi somente a partir do sétimo episódio, quando a ameaça tomou as ruas de Nova Iorque que as coisas realmente vieram a esquentar e a série do canal FX realmente disse a que veio.
Em uma das cenas de ataque dos vampiros a uma loja de conveniência, era difícil não se lembrar das emboscadas clássicas dos zumbis de The Walking Dead ao grupo de sobreviventes, liderado por Rick (Andrew Lincoln) na série da AMC.
Aliás, os vampiros desta série são completamente diferentes de tudo que já vimos. Não são galãs como em Crepúsculo ou The Vampire Diaries, nem estilizados como em outras séries, mas são efetivamente verdadeiros zumbis tomados por uma doença degenerativa e que expelem o terrível verme contaminador que lhes provoca mutações agressivas em sua anatomia, a fim de permitir manterem dentro de si uma versão gigante do parasita (como se fosse uma metamorfose deste e que salta de suas bocas para sugar o sangue ou atacar as suas vítimas).
A trama, baseada no livro homônimo do próprio Guillermo del Toro (responsável pela adaptação), conta a história do Dr. Ephraim Goodweather (Corey Stoll), chefe do Centro de Controle de Doenças de Nova Iorque, que em meio a uma crise familiar, é chamado às pressas para investigar um possível surto viral responsável por matar todos os passageiros de um voo proveniente de Berlin. Bem, quase todos.
Depois de algum tempo, todos eles se tornam mortos-vivos de aparência repugnante que além de sugar o sangue de suas vitimas, transmitem o parasita, que leva os Estados Unidos a uma pandemia assustadora. Como o verme é capaz de sobreviver fora do corpo por algum tempo, os humanos podem ser infectados apenas pelo contato com o bichinho asqueroso.
À medida que a série avança, vamos conhecendo algumas nuances interessantes dos personagens. Um dos pontos altos são os flashbacks que contam a vida pregressa do professor Abraham Setrakian (David Bradley), que nos fazem entender porque ele é especialista nestes vampiros exóticos da série.
Ambientados na época do Holocausto Judeu pelos Nazistas, nos flashs, vemos o professor em um campo de concentração. São aterrorizantes as cenas em que, em um alojamento, a criatura intitulada de mestre, faz suas vítimas no calar da noite, enquanto o professor, ainda jovem, a observa e procura uma forma de se proteger. Está aí uma interessante correlação entre o terrível regime de Hitler e os monstros sanguinários da série.
Por seu talento com marcenaria, Abraham ganha a proteção do militar Thomas Eichhorst (Richard Sammel), um dos líderes do campo de concentração quem, naquela época, era apenas aspirante a vampiro. Eichhorst o incube de esculpir o pavoroso caixão em que mais tarde o mestre descansaria e seria transportado para a América, de onde os planos de domínio mundial e subjugo da raça humana partiriam.
Após o colapso do regime, o professor Abraham Setrakian segue sua vida, encontra um amor, mas nunca desiste de buscar e aniquilar a perversa criatura. Algumas oportunidades de enfrentamento ocorrem e, quando, para mostrar quem é que manda, a criatura mata sua amada, a guerra está declarada. Abraham guarda por toda a vida o coração de sua esposa contaminado pelos vermes parasitas como forma de lembrar que a vingança é sua única razão de viver.
Abraham esperou longos anos por um reencontro, que fatalmente veio a acontecer nos episódios finais desta primeira temporada, quando um fato desconhecido sobre os poderes do mestre vem à tona, deixando a todos duvidosos de que seriam capazes de exterminá-lo.
Outro personagem de destaque é Vasiliy Fet (Kevin Durand), um agente da vigilância sanitária durão pronto para a guerra, empolgado por se juntar à causa dos caça vampiros. Até que enfim, vemos Durand como um dos mocinhos, já que geralmente é vilão em séries e filmes como Lost e Eu sou o Número Quatro.
Pessoalmente, não sou muito fã do protagonista. O Dr. Ef é o mais conhecido, menos talentoso e menos interessante membro do cast, pois acredito que é o ator errado para um bom personagem. Ele tem um estereótipo bem almofadinha e me parece caricato. Aliás, que mico o cara que é calvo ter que usar uma espécie de peruca na série. Quando ele está matando algum vampiro, a peruca fica muito desalinhada. Salta aos olhos essa caracterização grotesca (ao lado um meme sobre a peruca do Corey Stoll que rola na internet). Mas confie, ele também não é um Cigano Igor, ou seja, não compromete a narrativa.
Voltando à ação, o que inicialmente, me parecia lengalenga, acabou se mostrando um elemento interessante. Como os vampiros não resistem à exposição da luz do sol, eles emergiram pouco a pouco, contaminando e recrutando um numeroso exército da escuridão.
É genial ver a cidade de Nova Iorque, episódio a episódio, cada vez mais tomada pela anarquia e destruição. É o colapso gradativo da civilização, que creio, deve ser retomado com mais intensidade na já confirmada segunda temporada.
The Strain tem treze episódios na temporada inicial e já tem uma nova temporada garantida pelo FX.
Confira o trailer:
Definitivamente me prendeu… um dos grandes acertos do ano e o FX está cada vez melhor…
uma das melhores de 2014.