A MTV vem anunciando desde meados do ano passado sua adaptação da Scream, o filme adolescente de suspense que assustou gerações nos anos 90. Agora, com dois episódios já exibidos, fica a pergunta que não quer calar: quem ainda tem medo do homem da máscara?
Somos diariamente expostos a imagens de violência, crimes, assassinatos, além do que vemos nas séries que atualmente buscam cada vez mais realismo. Este ingrediente poderia justificar, mas não totalmente, o fato de que a versão televisa da franquia cinematográfica não assustou ninguém.
A trama é muito semelhante ao do filme e logo, nos primeiros minutos, percebemos que existe até algum esforço para atualizá-la e reconectar com a juventude da segunda década dos anos 2000. Um casal lésbico aos beijos é flagrado com um Smartphone e o vídeo cai no Youtube viralizando, em um ato de bullying bem característico desta geração.
Na sequência, a loira-adolescente-vadia-má se torna a primeira vítima do mascarado, em uma cena que, em tudo faz lembrar o filme original, talvez por isso, não traga nada – absolutamente, nada – de novo. Claro que entendi que é uma homenagem ou releitura do longa, mas ficou muito chato.
Em tempos em que Spartacus nos faz ver jatos de sangue molhando a tela, esta morte é muito tosca. E, no auge da bobaqgem, uma cabeça é lançada na piscina para assustar a vítima. A cabeça é muito fake, mas muito, muito – MUITO MESMO – fake.
E se não bastasse isso, a ghostface dessa série, pelo menos, a primeira exibida, é horrorosamente diferente.
O roteiro busca criar um contexto para a onda de assassinatos que virão. Um flashback revela que há exatos 20 anos houve um assassino em série obcecado por Daisy, a mãe da mocinha da história, que até onde se sabia foi morto. Agora, novos indícios de que está vivo e que deve recomeçar sua matança são dados.
Valentões, patricinhas, nerds, atitudes suspeitas. O que se sucede são toneladas e mais toneladas dos clichês mais óbvio de uma trama teen-serial-killer. Adolescentes bêbados, em farras em suas casas imensas (sem pais por perto) se colocam em situações as quais ficamos esperando para saber quem será a próxima vítima e analisando as pistas dadas sobre um suspeito entre eles.
Até a própria série faz uma crítica à adaptação deste tipo de filme para uma série de televisão, quando um dos personagens menciona que um longa tem toda a obviedade da ação em 90 minutos, enquanto a série pelo volume de episódios, precisa encher linguiça com alguma frivolidade no meio para que a ação não se esvaia logo após a primeira meia dúzia de mortes e para que ela ainda se justifique após esta mesma meia dúzia.
Enfim, não se pode dizer que a série não tem ganchos eficientes, mas se é para falar de serial killer na MTV, por que acabaram com Eye Candy, que, ao menos, era original?
Confira o trailer de Scream:
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