Com um discurso provocador sobre a principal temática da trama: a oportunidade de voltar no tempo e evitar uma catástrofe, é dado o ponta-pé inicial do remake de 12 Macacos (12 Monkeys), clássico filme de ficção científica dos anos 90, que reuniu Brad Pitt e Bruce Willis em atuações memoráveis.
“Ano de 2043. Onde você está agora? Em algum lugar quente? Seguro? Próximo a alguém que você ama? E se tudo isso sumisse… e a única coisa a fazer é sobreviver? Você sobreviveria, não é? Sim. Você tentaria. Faria coisas, coisas horríveis… Até perder a última coisa que te sobrou: Você mesmo! Mas e se você pudesse recuperar tudo? Um botão para reiniciar. Você apertaria, não é?”
James Cole (Aaron Stanford) encontra nos escombros de um local dizimado, um corpo; em seu pulso um relógio, a primeira alegoria sobre o tempo da narrativa. O mesmo relógio nos transporta para 30 anos no passado. Em 2013, ele está no pulso da doutora Cassandra “Cassie” Raily (Amanda Schull). Neste momento, ela ministra uma palestra onde alerta a um grupo de médicos sobre a iminência de uma doença pandêmica que poderia causar grande impacto sobre a humanidade, elencando outras ocasiões em que, na história, situações semelhantes ocorreram, causando a morte de milhares (e até milhões) de pessoas.
[alert-note]CONTÉM SPOILERS[/alert-note]
Em cortes rápidos, vemos Cole, sequestrando a doutora Raily em busca de informações sobre um tal Leland Frost (Zeljko Ivanek). No início, ela acha que é apenas um sequestro relâmpago, talvez um usuário de drogas, mas a verborragia de Cole é confusa e ele começa a citar eventos futuros, em um papo aparentemente desconexo e delirante. Cole revela que em 2017, uma praga destruirá 99% dos seres humanos e o único responsável é o tal Leland Frost e, por isso, precisa encontrá-lo para evitar isso. Mas, como Cassie diz não saber quem é Leland Frost, deduz que deve ter sido enviado para um período mais anterior no passado do que o que pretendia.
Perante uma médica psiquiatra descrente a respeito de viagens no tempo (qualquer um seria), com um recurso visual fascinante, Cole consegue provar que está falando a verdade e usa exatamente o relógio do início da narrativa para comprovar que veio do futuro. Com uma faca, ele faz um risco no relógio que está no pulso de Cassie e o evento causa um grande impacto no local onde estão, caracterizando a mudança de um evento na linha do tempo e o relógio que ele trouxe consigo do futuro, automaticamente é também riscado. Ela não entende o que está acontecendo e como é possível, mas é inegável que Cole diz a verdade. No entanto, seu tempo está se esgotando e, ele desaparece diante dos olhos de Cassie, mas não sem antes marcar um novo encontro, dois anos no futuro.
Um salto no tempo nos leva a 2015. Cassie aguarda no local combinado por uma semana e, quando já estava desistindo, Cole reaparece, com o mesmo ferimento de bala provocado há dois anos quando se encontraram pela primeira vez. Cassie, terminantemente acredita que, por mais louco que seja, ele é um viajante do tempo. E se isso é possível, o fim da humanidade que ele descreveu também é.
Enquanto delira de dor, um flashforward nos leva a 2043, quando vemos a experiência científica que fez Cole viajar no tempo, bem como a máquina projetada para isso. Alguma droga foi injetada nele, o que o tornou resistente à viageme os efeitos destrutivos do que é descrito como paradoxo temporal, só mais tarde explicado.
Depois de uma longa pesquisa, Cassie consegue descobrir o paradeiro do tal Leland Frost (cujo nome verdadeiro é Leland Goines) e Cole está decidido a matá-lo, mesmo que isso signifique condenar a si mesmo. É que ele acredita que ao eliminar este fluxo temporal, a doença que matou 7 bilhões de pessoas nunca existirá e, ele mesmo e todos do seu tempo simplesmente poderiam nunca ter nascido. Ou seja, ele precisa matar Goines e com isso, ele próprio será destruído (ou desfragmentado, nas palavras do filme), esclarecendo o contexto descrito nas primeiras cenas da série. Mas para Cole, não chega a ser exatamente um dilema, já que ele acredita que não existe nada no futuro que ele conhece que mereça ser salvo.
A estreia é boa. A trama tem condições de prender e pode funcionar bem como um seriado capitulado. Além disso, viagem no tempo permite inúmeras licenças poéticas para perpetuar a série em aventuras distintas. Ou seja, lidar com a praga de 2017 pode ser apenas a primeira aventura para quem tem o tempo em suas mãos.
Sobre o elenco, Aaron Stanford, o ator que faz o protagonista e viajante do tempo, Cole, inicialmente, não tem (nem de longe) o mesmo carisma, nem a mesma qualidade de atuação de Bruce Willis no filme, mas não chega a comprometer o desenvolvimento da série. A doutora Cassie (que, aliás, é uma mistura de Nicole Kidman e Naomi Watts) defende bem a personagem que foi de Madeleine Stowe no longa. Já o Goines, que vemos aqui no primeiro episódio, interpretado pelo sempre excelente Zeljko Ivanek, vivendo o personagem que foi de Christoffer Plummer não é a maior ameaça para a humanidade como Cole e seus “amigos” do futuro imaginavam.
Os aficcionados por sci-fi podem ficar frustrados com a escassez de grandes efeitos especiais, mas talvez mais preocupado com o drama e a apresentação dos personagens nessa abertura da série, o Syfy não fez grandes pirotecnias para ilustrar a viagem do tempo. Destaque apenas para as cenas que demonstram os efeitos de um paradoxo temporal, quando o mesmo objeto ou pessoa de tempos distintos se encontram. O resultado é bem interessante e até, críveis. Como bem disse, Cole: “a mãe natureza não gosta que brinquemos com suas coisas.”
Ainda é muito cedo para comparar, mas as caóticas sequencias do filme aparentemente são substituídas por cenas mais longas e elaboradas, pautadas em suspense, abusando de efeitos no estilo sllow-motion, que ajudam a nos deixar ansiosos pelo que vem a seguir, o que é perfeitamente natural. já que os 90 minutos da película precisam render, ao menos, 10 episódios de 45 minutos. Mas este é apenas o primeiro episódio.
Se você nunca viu o filme (não se preocupe, não é um pre-requisito para entender a história), deve ficar curioso com as pistas deixadas pelos roteiristas nesta versão: não só para descobrir o que são os 12 macacos citados, mas porque Leland afirma que já conhecia Cole há 28 anos, sem que nem ele mesmo se lembre disso e, queremos saber mais sobre os cientistas que em 2043 arquitetaram o audacioso plano de reescrever o futuro, mudando o passado. Para quem viu o filme, a adaptação não traz muitas surpresas, até aqui. Talvez, exceto pelo aparecimento de outro Goines: aqui, a filha de Leland, a perturbada Jenniffer (Emily Hampshire), que no original é Jefrrey, interpretado por Brad Pitt, em papel que lhe rendeu um Globo de Ouro e a indicação para o Oscar de melhor ator coadjuvante. Ela é a criadora do exército dos 12 Macacos, mistério que ainda deverá ser desenvolvido pela série, mas que, já sabemos, é o verdadeiro centro dos acontecimentos que causarão a tragédia apresentada no futuro.
O drama do Syfy parece terreno fértil de possibilidades; traz uma trama séria e consistente para calar a boca de quem apenas consegue associar o canal à produções “B “como Sharknado. Ah, e prevenindo a piadinha tosca: Não, não vemos tubarões voando nesta nem na maioria das séries do Syfy.
Confira o trailer:
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Confira a abertura da série:
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