Ao término da primeira temporada, que teve 7 episódios, a rede americana AMC anunciou a renovação de sua série de ficção científica, Humans, que aborda as questões éticas envolvidas na inserção de androides, aqueles robôs quase humanos, na sociedade.
Remake de Äkta Människor, série sueca muito bem sucedida em toda a Europa, Humans, surpreendeu em realizar uma adaptação correta, com excelentes interpretações em cima de um roteiro que não tinha como não ser sucesso.
A história tem quatro arcos que se relacionam: no primeiro vemos um pai de família, casado com uma mulher muito ocupada com o trabalho e por isso, tão ausente. Ele, que se vê atrapalhado com toda a rotina doméstica e a criação dos filhos, decide comprar uma androide, ou sintética, como é chamada na série. Esta ideia não vai agradar nada a esposa.
Também somos apresentados a um senhor idoso viúvo, vivido por William Hurt, com seus problemas de saúde e que também reluta para reciclar o seu sintético, que o acompanha a anos a fio e que ele próprio começa a apresentar bugs causados pela longevidade e que pode se tornar um risco para si e para os outros à sua volta. Como fazer isso, se ele agora é como um filho para ele?
Em outra trama paralela, um policial que chega em casa, após a rotina pesada e encontra sua mulher fazendo ginástica com um sintético mais jovem e mais bonito que ele jamais será. Será que o homem também vai ser substituído um dia por um modelo, digamos, mais recreativo?
E na trama mais interessante, vemos um rapaz protegendo um grupo de sintéticos, que, aparentemente, tiveram um problema de fabricação, que os permitiu sentir, ter consciência e até amar. Eles, vivendo em fuga de uma organização que teme que a disfunção se torne uma ameaça para a sociedade e, acabe com seus lucrativos negócios de venda de robôs.
Uma destas, Mia (Gemma Chan), acaba sendo roubada, vendida e reprogramada, o que desencadeia uma busca desenfreada para localizá-la e recuperá-la e a todos os outros sintéticos capturados. Nesta mesma trama, percebemos que, apesar da tentativa, a reprogramação não é eficaz e não apaga a “falha” que os permite ser mais humanos.
Mas é exatamente Mia que vai parar na casa da família Hawkins, que citamos no começo e que acaba sendo hostilizada pela matriarca da família, Laura (Katherine Parkinson), que sente substituída nas tarefas que ela sabe que deveria fazer, mas que está ausente. O pior acontece quando a caçula da família começa a gostar mais da companhia de Anita do que da própria mãe.
Rebatizada de Anita pela criança, a jovem androide se comporta como um robô doméstico, cuidando da casa, da comida e das crianças, mas, aos poucos começa a intrigar os proprietários, com comportamentos que sugerem emoção, como contemplar a lua e sentir apego pela crianças, inclusive podendo levar isso para um nível para lá de perigoso.
Anita sonha e parece esconder um trauma do passado em rápidos flashbacks apresentados no episódio piloto.
Os motivos são revelados ao longo da série e são surpreendentes.
Com uma primeira temporada bastante linear, bem produzida e instigante, Humans se destaca ao abordar com bastante delicadeza preconceitos, discussões sobre substituição de pessoas, ocupação de postos de trabalho, o apego de algumas pessoas a seus sintéticos e as questões ligadas a possíveis falhas de programação que colocam em risco à vida em sociedade.
Confira o trailer:
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Fiquei contente com a renovação. A série é interessante, tem uma narrativa bem construída e ótima caracterização e atuação dos robôs