Mais que uma série musical ou uma comédia para adolescentes, Glee sempre buscou ensinar que os excluídos também podem ter voz e rapidamente ganhou a empatia de milhares de fãs no mundo inteiro, que tornaram a comédia da FOX, uma febre em seu auge.
O show estrelado por atores que realmente sabem cantar (ou cantores que sabem atuar) conseguiu extrair graça e emocionar em um gênero quase banido da televisão nos dias de hoje: o musical.
Em seis anos de programa, a série já discutiu bullying na escola, anorexia, uso de drogas, gravidez na adolescência, adoção por pais homossexuais, discussões religiosas, alcoolismo, terrorismo e um sem fim de temas polêmicos, sempre reforçando que tudo é possível na vida para quem persevera.
Mas, tudo na vida tem um ciclo e é importante reconhecer quando ele chegou ao fim.
Já, há pelo menos duas temporadas, um pouco do vigor da série se perdeu. Parte pela perda precoce de Corey Monteith, o eterno Finn, o protagonista masculino e um dos mais carismáticos personagens da série e um pouco pelo esvaziamento criativo da série que, ao se transportar para o cenário de Nova Iorque, basicamente desconfigurou o projeto inicial.
A tentativa de renovar o elenco também foi frustrada. Os novos astros nunca conseguiam ter o mesmo carisma da primeira leva e, exceto por raros acertos como a de Unique (Alex Newell), garoto transgênero que se destacava nos palcos e também contava uma história consistente de aceitação, todos os demais que passaram pela escola secundária de Lima foram, apenas, dispensáveis.
Aliás, fato que se consumou, uma vez que todos os atores da nova geração praticamente desapareceram ainda na quinta temporada, focando exclusivamente nos acontecimentos da turma original e sua tentativa de se dar bem em Nova Iorque. Como em qualquer série sobre perdedores, mesmo a musa Rachel Berry (Lea Michele) acabou perdendo tudo o que sempre desejou: o seu sonho de estrelato em Nova Iorque.
Nesta nova fase, a série se rendeu e decidiu voltar às raízes, transpondo toda a ação de volta para a escola em Ohio, nesta ocasião dominada pela implacável Sue Silvester (Jane Lynch), agora no cargo de diretora e, cuja única missão na vida foi eliminar o clube do Coral e as artes como um todo.
Rachel decide financiar uma reativação do clube Glee e, ao lado de Kurt (Chris Colfer) tem a missão de disputar novamente as competições. Dessa vez, contra o antigo tutor Will Schuester (Matthew Morrison), agora técnico do Vocal Adrenaline, coral concorrente e Blaine (Darren Criss), que assumiu o comando dos Rouxinóis, da escola para meninos, após fim de seu relacionamento com Kurt.
E lá vão eles, mais uma vez repetir a fórmula desgastada de recrutar novos membros losers para o coral, se safar das armações de Sue e buscar a vitória nas regionais.
Como forma de fechar o ciclo, a maioria dos integrantes da primeira formação também largam tudo que estão fazendo para ajudar a retomar o coral, assim, vemos Santana (Naya Rivera), Mercedes (Amber Riley), Tina (Jenna Ushkowitz), Artie (Kevin McHale), Quinn (Dianna Agron), Puck (Mark Salling) e Sam (Chord Overstreet) de volta. Nos dois primeiros episódios deste retorno, foram sentidas as ausências de Mike Shang (Harry Shum Jr.) e Emma (Jayma Mays).
A sexta temporada de Glee é novamente sobre não desistir dos sonhos e se levantar ao cair, tentando ser novamente colorida, mesmo estando encharcada de melancolia e saudade. Quase dá para notar os cenários sendo desmontados.
Para a temporada final, em vez dos 22 tradicionais episódios, serão exibidos apenas 13.
Pode ser que seja uma pena que tenha chegado ao final, mas a missão foi cumprida.