“Deus desapareceu. Seus anjos responsabilizaram o homem e declararam guerra contra a humanidade. O Arcanjo Gabriel liderou a Guerra do Extermínio, na esperança de livrar o mundo dos humanos e declarar domínio sobre ele. Alguns anjos superiores recusaram-se a escolher um lado, mas os inferiores juntaram-se a Gabriel. Esses espíritos inferiores não tinham corpo, então o primeiro ataque foi para roubar o nosso. Mas Miguel, o maior de todos os arcanjos, escolheu lutar pelos homens. Com a ajuda dele, os sobreviventes revidaram e construíram fortalezas para se defender. Logo, espalhou-se que Miguel salvou um bebê, uma criança que iria crescer para ser o salvador dos homens. Este Escolhido será reconhecido pelas marcas em seu corpo. Finalmente, Gabriel e seu exército recuaram e concluímos que, não somente os anjos são reais, mas que eles são nossos piores inimigos.”
É com essa premissa que o canal americano Syfy deu o ponta pé inicial a Dominion, série que estreou no dia 19 de Junho a partir da ideia original do filme Legião (2010), do diretor Scott Stewart (responsável pelos efeitos especiais de Sin City e Jurassic Park).
Com um piloto de 64 minutos, visto por mais de 2 milhões de pessoas na estreia americana, Dominion mostra a realidade pós-apocalíptica deste mundo dizimado pela guerra entre anjos e homens, onde cidades-estados se erguem fortemente armadas para tentar se defender do que teria sobrado do exército sobrenatural formado por Gabriel (Carl Beukes, de The Girl e Mandela) e sua legião de anjos inferiores.
Os acontecimentos datam de 25 anos após o final do filme e a humanidade preserva sua fé em uma profecia que reza que um homem, o salvador, já teria nascido e a qualquer momento voltaria para conduzir a humanidade à vitória e liberdade definitivas.
Palco de uma sociedade dividida em castas com papéis bastante definidos por “números”, que representam quem você nasceu para ser neste mundo – empregado, soldado, senhor – e em meio a interesses políticos, militares e econômicos, a cidade de Vega (antiga Las Vegas) é a nação escolhida pelo arcanjo Miguel, aliado dos homens, para vigiar e esperar o momento em que a profecia se cumpra. Para defender a cidade, Miguel recruta jovens para formarem a Aliança Angélica, esquadrão de elite na defesa militar de Vega.
Logo no começo da série somos apresentados ao soldado Alex Lannen (Chistopher Egan, de Eragon, Resident Evil), que desrespeitando a lei, decide visitar antigas ruínas de Las Vegas, onde se depara com três anjos inferiores. A cena rende uma perseguição eletrizante, com direito a efeitos especiais dignos do filme original (sim, vamos ver demônios correndo pelas paredes – quem não se lembra da doce velhinha demoníaca do filme? – e anjos com asas que cortam gargantas e aparam balas quando são alvejados). E, então, Alex consegue fugir, mas atrai um dos anjos para muito perto da cidade, colocando em risco o perímetro de segurança, mas como anjo sozinho não faz uma legião, Vega está preparada para abatê-lo. Por essa desobediência, Alex acaba por ser castigado pelo arcanjo Miguel.
Este contraponto mostra um protagonista descontente com a vida sem liberdade da cidade e apresenta o típico romance proibido em qualquer sociedade estratificada. Alex é apaixonado e correspondido por Claire, filha de um dos mandachuvas do pedaço o general Edward Riesen (Alan Dale de Lost, Ugly Betty) e combinam fugir da cidade para um lugar aparentemente melhor chamado por hora de Nova Delphi (possivelmente ruinas de Filadélfia).
Mas, por conta do totalitarismo local, o amor vem em segundo plano e a mão da bela Claire seria entregue a William Whele (Luke Allen-Gale, de Capitão América), filho do inescrupuloso e poderoso secretário do comércio de Vega, David Whele (Anthony Head, de Doctor Who). O anuncio da união forçada seria feito no Jubileu, uma arena de luta criada pelo governo para entreter o povo, onde se passará o clímax do episódio.
Se o Syfy mantiver os razoáveis investimentos feitos neste piloto, a série poderá se tornar uma boa opção, mesmo não sendo nenhum grande marco da televisão, com elenco estelar e efeitos especiais revolucionários. É entretimento puro, que pode agradar aos fãs de ficção científica.
Para quem não viu o filme, não se preocupe, pois não é um pré-requisito essencial.
Para quem viu, vale a pena dar uma espiada e descobrir o que, na cabeça dos roteiristas da série, seriam os próximos acontecimentos do filme.
Trailler: