The Originals – Quando a Filial supera a Matriz

sobreseries

É realmente raro encontrar spin-offs (séries derivadas de outras) que tenham tanto êxito quanto aquela que lhes deu origem. The Originals contraria esta tendência e se prova madura e mais preparada para persistir por mais temporadas do que a sua matriz, The Vampire Diaries.

0 0

É realmente difícil encontrar spin-offs (séries derivadas de outras) que tenham tanto êxito quanto aquela que lhes deu origem.

E ainda, não são raros os casos de que a empolgação dos autores e das emissoras com seus programas de grande repercussão e audiência, invistam pesado em novos produtos, sejam continuações, tramas que precedem a narrativa atual ou mesmo que funcionem em paralelo.

As infindáveis franquias de Law & Order, NCIS e CSI são casos que ilustram bem. Nenhuma conseguiu a mesma repercussão que suas bases.

Once Upon a Time in a Wonderland
Once Upon a Time in a Wonderland

No ano passado, a ABC alucinada pelo grande sucesso do hit Once Upon a Time, que levou o canal a índices somente vistos na época de Lost, lançou seu braço Once Upon a Time in a Wonderland, focada na trama de Alice no País das Maravilhas que, apesar do mesmo requinte da produção, um bom roteiro e bons atores escalados, “flopou loucamente” na audiência. Muito possivelmente por ter sua “série-mãe” ainda no ar ou até pelo péssimo dia em que era exibido. Once faz sucesso porque reina no horário nobre aos domingos, exatamente nos hiatos de grandes concorrentes como Game of Thrones. Wonderland foi ao ar no meio da semana em horário de pouca tradição para o gênero.

Muito recentemente, o CW lançou The Flash, não baseado na HQ, nem na série dos anos 90, mas como um spin-off do universo todo próprio criado para a série Arrow, do mesmo canal e, apesar dos números razoáveis, as críticas foram devastadoras.The Flash

Mas, hoje, queria falar de um case de sucesso, temos que dar os louros a uma investida do mesmo canal CW que se consolida como um acerto.

Em meio à modinha de adaptação de sagas sobrenaturais (Crepúsculo bombava nos cinemas a cada lançamento da franquia), o canal resolveu adaptar o livro homônimo de L. J. Smith e lançou sua própria franquia de dramalhão vampiresco – The Vampire Diaries. Sim, é aquela dos vampiros galãs, estudantes com poderes sobrenaturais e uma mitologia ilimitada de assuntos paranormais. Resultado: sucesso absoluto. É a série com a maior audiência e repercussão do canal, que move legiões de fãs enlouquecidos e que se digladiam nas insólitas discussões a respeito de quem a mocinha Elena (Nina Dobrev) deve namorar – Damon (Ian Somerhalder) ou Stefan (Paul Wesley), os irmãos vampiros Salvatori, obviamente um malvado, mas irresistível e o outro bonzinho e com cara da galã.

The vampire diaries
The vampire diaries

The Vampire Diaries funcionou muito bem, mas já chega a sua sexta temporada, apresentando sinais evidentes de cansaço e esgotamento, mas este é tema de um outro artigo.

Em idos da quarta temporada, a mitologia da série conseguiu emplacar um golpe de mestre. Resolvendo assim, explicar o surgimento dos vampiros. Com isso, fomos apresentados à família original.

0to
The Originals

Passamos a entender que os primeiros vampiros teriam se tornado o que são, não por um vírus, mas através de uma maldição. Eram seres humanos que receberam por meio da bruxa original, o feitiço que os impede de andar à luz do sol, terem suas emoções amplificadas (amam enlouquecidamente e odeiam com avidez mortal) e sobrevivem apenas do consumo de sangue, especialmente o humano.

E, diferentes dos vampiros dos tempos atuais, os originais não possuíam nenhum ponto fraco, exceto por uma adaga mística e se usada juntamente com as cinzas de um carvalho branco que fez parte do feitiço original. Embora suscetível a fraquezas dos típicos vampiros, os originais são apenas prejudicados pelas fraquezas conhecidas (sol, água benta, estaca no peito), enquanto vampiros normais podem morrer ao ser expostos ao sol ou ter uma estaca no coração. Eram, enfim, invencíveis.

Uma família desordenada, devastada pela própria falta de caráter e ao mesmo tempo unida por fortes laços formados de grandes traumas do passado: Os Mikaelson.

Por remontarem de idos da idade média, tem charme próprio nos seus diálogos eruditos e posturas polidas, apesar de serem monstros sanguinários. Esta família é basicamente composta por três pilares:

– O grande vilão Klaus (Joseph Morgan), invencível, charmoso, impiedoso, dotado de um código de ética que só funciona a seu bel prazer, sem nenhum caráter, mas às vezes tomado por recaídas de compaixão e que parecia ser a desgraça da fictícia cidade de Mystic Falls.

– Rebeka (Claire Holt), a única mulher entre os irmãos, uma eterna patricinha, vivendo ao longo dos séculos, oscilando entre a menina mimada, a garota má e destrutiva e alguém que apenas quer amar e ser amada.

– Elijah (Daniel Gillies), o sensato. Um vampiro elegante, que dá valor aos bons modos e à força da palavra dada. Honrado e apesar de ter sido traído inúmeras vezes, tem como única missão na vida, redimir seu irmão Klaus e ter a família reunida novamente.

E assim, uma batalha sangrenta ocorre. Mas obviamente, como em toda série de sucesso da CW que se preze, pautada nos fortes tons de melodrama (amores, traições, sexo).

Bem, como The Vampire Diaries tem seus próprios mocinhos, a trinca Elena, Damon e Stefan consegue derrotá-los, fazendo com que os três irmãos retornem suas vidas longe dali.

Neste insight, Julie Plec, produtora de The Vampire Diaries, viu que dava liga e decidiu contar a volta dos originais para a mística Nova Orleans, a afrancesada região americana, famosa pelas festas, o carnaval, o jazz e as bruxas e vodus, assinando o piloto do spin-off, que caiu no gosto popular imediatamente, especialmente porque tinha universo, ritmo e “sabor” próprios, resultando em uma surpreendente, charmosa e requintada produção.

No início, houve todo um cuidado para que a série seguisse a cronologia de The Vampire Diaries para que permitisse entrelaçamento das tramas entre as duas séries, o que funcionou de forma brilhante e, imediatamente os fãs de um já eram seguidores da outra. Ainda hoje, personagens de The Originals aparecem vez ou outra na cidade de Mystic Falls, onde a outra série se passa e vice-versa.

The Originals apostou todas suas fichas no impacto do retorno da família Mikaelson, que foi apresentada como cofundadores da cidade de Nova Orleans e como isso abalaria o tênue equilíbrio do pacto de convivência entre a Igreja, os demais seres humanos, lobisomens, bruxas e vampiros que dividem o poder sobre a região.

Assim, o que era apenas um derivado experimental vai chegando a sua segunda temporada cada vez mais madura e melancólica, sem perder o frescor que o público da emissora exige, sendo capaz de abordar com inteligência refinada e sagacidade temas interessantes que tratam de poder, honra, amor, família e claro, poderes sobrenaturais.

Hoje, é possível afirmar que The Originals é para gente grande e supera, em sua narrativa e capacidade de longevidade, a sua criadora e teen, The Vampire Diaries, hoje, basicamente resumida à dinâmica “iô-iô” de um triângulo amoroso.

A série The Originals, no Brasil, é exibida pela nova MTV nas noites de segunda-feira e vale a pena, mesmo para quem nunca viu The Vampire Diaries.

Confira o trailer:

Season 1

Season 2

Happy
Happy
0 %
Sad
Sad
0 %
Excited
Excited
0 %
Sleppy
Sleppy
0 %
Angry
Angry
0 %
Surprise
Surprise
0 %

0 thoughts on “The Originals – Quando a Filial supera a Matriz

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Next Post

De Chaves a Friends: Um certo saudosismo no ar

Vivemos um período de grande saudosismo, no qual as pessoas apreciam reviver emoções. Estaríamos na época de "Ah, que saudade daquele tempo!"?